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Um ano da #apoetadesabado: Gilka Machado, Noémia de Sousa, Diane di Prima e Hilda Hilst


No dia 12 de dezembro de 2020, começava aqui n'A Capivara a #apoetadesabado, sempre trazendo poemas de mulheres que admiramos.


Essas escritoras, muitas delas injustamente pouco conhecidas, são motivo de grande orgulho, sempre desafiando seu status ou condição, para seguir escrevendo e alargando as possibilidades artísticas e de pensamento, para todas nós.


A #apoetadesabado começou por iniciativa de Isabella Martino, poeta e pesquisadora, e também antiga conteudista da Capi, a quem agradecemos e queremos também homenagear, dando seguimento e agora ampliando o projeto. <3


Para comemorar o primeiro ano da # e pensando em tornar esse conteúdo mais acessível, vamos disponibilizar o acervo #apoetadesabado aqui no site.


Leia, compartilhe, divulgue e enalteça o trabalho dessas grandes escritoras!


Abrimos os trabalhos com quatro poemas, de Gilka Machado, Noémia de Sousa, Diane di Prima e Hilda Hilst, as quatro primeiras poetas a fazerem parte da #apoetadesabado.




Gilka Machado


"Gilka Machado era diferente. Aos 26 anos, em 1919, ela já fizera tremer as porcelanas de 'Colombo' com seus livros 'Cristais Partidos' e 'Estados de Alma', cujos poemas eram de uma sensualidade capaz de ferver os sucos da mais recatada aluna do Sacré-Coeur. Não contente em pertencer à roda da bela Eugênia Moreyra (uma jornalista que fumava charuto, dizia palavrões e contava piadas escandalosas), Gilka era também amazona e nadava e remava pelo Flamengo. Como era inevitável, as pessoas acreditavam que Gilka Machado desempenhava na vida real todos aqueles pecados que lubrificavam seus versos". É assim que Ruy Castro se refere a Gilka Machado em "O Anjo Pornográfico", biografia de Nelson Rodrigues, que sempre deixou claro que a escritora era uma de suas maiores referências literárias.


Para Carlos Drummond de Andrade, "Gilka foi a primeira mulher da poesia brasileira.”


Mas a vida de Gilka não foi fácil. Mulher negra, sem educação formal, viveu em precárias condições econômicas, sofreu inúmeros preconceitos e foi hostilizada pelo caráter erótico de sua obra. A carioca Gilka (1893-1980) foi uma das primeiras mulheres a escrever poemas expondo os desejos carnais femininos no Brasil, como o poema abaixo, entitulado “SENSUAL”.


Mulher a frente de seu tempo, também foi uma das fundadoras do Partido Republicano Feminino (em 1910), que defendia o direito das mulheres ao voto.


**Poema Sensual, em "Gilka Machado - Poesia Completa", Editora Selo Demônio Negro, 2017.







Noémia de Sousa


Noémia de Sousa nasceu em 1926, em Catembe, vila no litoral Sul de Moçambique, banhada pelo Oceano Índico, na baía de Maputo, bem em frente à capital de Moçambique.


Faleceu em 2002, em Cascais, Portugal. Por sua influência nas gerações de poetas de Moçambique, ficou conhecida como “Mãe dos poetas moçambicanos”. É autora de densa obra poética, que representa a resistência da mulher africana e luta do povo moçambicano por sua liberdade.


Seu único livro, Sangue Negro, é composto por 49 poemas, escritos entre 1948 e 1951, que circularam na época em jornais como "O Brado Africano". Em 2001, seus poemas foram reunidos no livro Sangue Negro, publicado pela Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e, dez anos mais tarde, uma nova edição de Sangue Negro foi publicada pela editora moçambicana Marimbique.


Em 2016, a Editora Kapulana publicou a primeira edição brasileira de Sangue Negro, com os 49 poemas mais marcantes da literatura moçambicana, de onde extraimos o poema "Porquê".








Diane di Prima


“Diane di Prima, ativista revolucionária da renascença beat, heroica na vida e na poesia, de uma erudição bem-humorada e boêmia... Ela é um gênio!”


Assim o poeta Allen Ginsberg define a norte-americana Diane di Prima, um dos principais nomes do movimento beatnik e grande especialista na poesia latina medieval.



Nascida em família italiana de tradições anarquistas (seu avô era amigo de Emma Goldman), estudou em escolas de elite, manteve correspondência com o poeta Ezra Pound, foi amiga de Miles Davis e Bob Dylan e viveu em uma comunidade hippie com Timothy Leary nos anos 1960.


A poeta fundou o Teatro dos Poetas de Nova Iorque (New York Poets Theatre), e ainda a Editora dos Poetas (Poets Press), que publicou alguns de seus companheiros. Com LeRoi Jones (mais tarde conhecido como Amiri Baraka) editou a revista The Floating Bear (1961 – 1969). Di Prima nos deixou em 2020.


**Poema A Janela, tradução de Vanderley Mendonça, em "Meninas que Vestiam Preto", miniantologia das poetas da Beat Generation, publicada pela Editora Selo Demonio Negro.







Hilda Hilst


Hilda Hilst nasceu em Jaú (SP) em 1930, formou-se em Direito pela USP e, aos 35 anos de idade, mudou-se para a chácara Casa do Sol, próximo a Campinas.

Lá, na companhia de dezenas de cachorros, dedicou-se integralmente à criação literária, entre livros de poesia, ficção e peças de teatro.


Em 1968, Hilda casa-se com Dante Casarini. Nesse mesmo ano escreve as peças teatrais “O Visitante” e o “Novo Sistema”. Em 1970 se inicia na ficção, com o livro “Fluxo Floema”. Em 1982 escreve “Senhora D”, que foi posteriormente adaptada para o teatro. Em 1985 divorcia-se do marido. Em 1992 publica “Bufólicas”, poesias satíricas. Hilda morreu em 2004, em Campinas.


** Trecho do Poema "Dez Chamamentos ao Amigo", do livro "Da Poesia", Cia das Letras, 2017:











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