Nelly Sachs - Tradução&poesia por Matheus Guménin Barreto
- Gustavo Marcasse
- 15 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
Nelly Sachs (1891-1970) foi uma poeta e tradutora sueco-alemã de origem judaica, agraciada em 1966 com o Prêmio Nobel de Literatura e em 1965 com o Prémio da Paz do Comércio Livreiro Alemão.

O quinto (e último) poema que trago como curador da #tradução&poesia é “Chor der Geretteten” (“Coro dos salvos”), poema que integra o livro de Sachs In den Wohnungen des Todes (Nas moradas da morte), publicado em 1947.

Através da intercessão da autora Selma Lagerlöf (Prêmio Nobel em 1909) junto a autoridades suecas, conseguiu fugir da Alemanha com sua mãe pouquíssimos dias antes de ser enviada a um campo de concentração nazista. Décadas depois, Sachs descreve sua obra literária como “representação da tragédia do povo judeu”. Apesar de não suportar a ideia de voltar à Alemanha (o que só faz – a contragosto – por poucos dias em duas ocasiões específicas), manteve longa troca de cartas com diversos outros autores de língua alemã, entre eles Hilde Domin, Paul Celan e Ingeborg Bachmann. Os coros, os ecos de certas obras místicas judaicas e cristãs, o caráter frequentemente mítico (mas profundamente ligado às vicissitudes políticas de seu tempo) em sua obra parecem marcar o encontro (ou choque) de uma tradição literária germanófona e de uma tradição literária judaica plurilíngue com os horrores da história política europeia de meados do século XX.

Ainda que sua obra não possa ser de modo algum limitada a simples ‘relato’ dos horrores do período de antes, durante e depois do governo nazista na Alemanha, pensá-la sem ter em mente esses mesmos horrores é impossível. Quando da entrega do Prêmio Nobel, a Academia Sueca afirma que laureia Sachs “por suas extraordinárias obras líricas e dramáticas, que interpretam o destino de Israel com pungente força”. Palavras como “extraordinário”, “lírico” e “destino” surgem frequentemente na descrição da obra literária de Nelly Sachs.

#tradução&poesia

MATHEUS GUMÉNIN BARRETO é poeta e tradutor mato-grossense. É autor dos livros de poemas A máquina de carregar nadas (7Letras, 2017), Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (Carlini & Caniato, 2018), Mesmo que seja noite (Corsário-Satã, 2020) e História natural da febre (Corsário-Satã, 2022). Doutorando da USP, da Universidade de Leipzig e da Universidade de Salzburg na área de Língua e Literatura Alemãs – subárea tradução –, estudou também na Universidade de Heidelberg. Teve poemas seus traduzidos para o inglês, o espanhol, o alemão, o catalão e o italiano; e publicados em revistas ou antologias no Brasil, na Espanha, no México, em Portugal e nos EUA. Integrou o Printemps Littéraire Brésilien 2018 (França e Bélgica – Universidade Sorbonne) e a Giornata mondiale della poesia 2022 (Itália – Universidade de Roma). Publicou em periódicos ou em livros traduções de Bertolt Brecht, Ingeborg Bachmann, Johannes Bobrowski, Nelly Sachs, Paul Celan, Peter Waterhouse, Rainer Maria Rilke e outros.





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