A ORIGEM NO TURBILHÃO: sobre maternidade e escrita, com Mônica de Aquino

A maternidade vai muito além do cuidado: espaço de excesso e cansaço, ela é um ato político, como tem sido tantas vezes dito. Mas a maternidade é também, e talvez fundamentalmente, um espaço de criação. Se as mães são aquelas que conseguem suportar o peso, no seu próprio corpo, de dois corações em movimento (o poeta Ocean Vuong o disse), são elas também que veem e sentem o mundo de outro modo. Estão abertas a refazê-lo. 

Esta é a perspectiva que embasa o curso-oficina que propomos. A partir principalmente da poesia, mas também de outras gêneros de escrita e do universo das artes visuais e performáticas, queremos reimaginar o lugar e os sentidos da experiência da maternidade, convidando as pessoas a ler em conjunto, trocar experiências e refletir, pelo caminho nunca óbvio da arte, sobre o maternar e seus disparadores de processos críticos e criativos.

O curso pretende apresentar diferentes figurações da maternidade e da questão da origem na literatura e nas artes visuais e performáticas, junto ao diálogo com a turma e à discussão aberta das obras e textos e do que suas imagens suscitam.

Além do trabalho de outros artistas, a cada encontro haverá, também, a apresentação dos bastidores do trabalho criativo: desde o livro Continuar a nascer (Relicário Edições), a poeta e ministrante do curso Mônica de Aquino tem na origem e na maternidade um dos seus temas privilegiados de escrita e vai compartilhar um pouco do seu processo, além de trabalhos em andamento, abrindo sua “oficina”.

Mônica finaliza, atualmente, a antologia O labirinto da origem, com mais de cem trabalhos de artistas e poetas brasileiros contemporâneos – e sua construção é outro ponto de partida deste curso. Além da análise de poemas e demais obras artísticas – em dimensão cultural, histórica e conceitual – serão propostos exercícios para aqueles alunos que, junto ao conteúdo teórico, também desejam arriscar os seus textos.

Aula I

Maternidade entre extremos: pensar e viver o excesso

(afeto, cansaço, experiência)

Aula II

Maternidade e metamorfose: corpos, textos, vidas em expansão

(choque, alteridade, maravilhamento)

Aula III

Maternidade: solidão e comunidade

(o pessoal e o político – escrever a várias vozes e a várias mãos)

* As aulas ficam gravadas e você pode assistir posteriormente!

Destinado a todas as pessoas interessadas nas relações entre maternidade (que tantas vezes se estende também à paternidade) e criação, independentemente de terem filhos, tomando a origem, o nascimento e a maternagem como temas universais.

Não há pré-requisitos e o curso se destina tanto a quem deseja discutir diferentes figurações da maternidade na arte e na literatura, quanto a quem quer escrever a partir dos encontros, quando serão propostos exercícios de escrita e criação.

Mônica de Aquino é mineira e vive em Belo Horizonte. É poeta, doutoranda em criação literária (UFJF) e mestre em Literaturas Modernas e Contemporâneas (UFMG). Publicou Sístole (Editora Bem-te-vi, 2005), Fundo Falso (Relicário Edições, 2018), Continuar a nascer (Relicário Edições, 2019) e Linha, Labirinto (Edições Macondo, 2020), que acaba de ser lançado também em Portugal (Não Edições, 2022). Fundo Falso venceu o Prêmio Cidade de Belo Horizonte em 2013 e foi finalista do Prêmio Jabuti em 2019. Participou de diversas coletâneas, antologias e eventos no Brasil e no exterior. Em maio e junho deste ano, em Lisboa e no Porto, realizou, junto com a poeta Gabriela do Amaral, a sessão de leituras e conversas "Materna é a língua em que se silencia", sobre maternidade e criação, uma das suas linhas de pesquisa. É autora também de cinco livros infantis, todos pela Editora Miguilim. Prepara, atualmente, seu quinto volume de poemas, Mofo em floração – série de textos em que dialoga com o trabalho de outros artistas –, e a antologia O labirinto da origem, em que continua sua pesquisa sobre escrita e maternidade (Edições Macondo, início de 2023).